O arquétipo de iniciação - Jung
- Túlio César
- 2 de jun. de 2019
- 2 min de leitura
O arquétipo de iniciação vem de forma a encerrar os ciclos simbólicos do mito do herói. Presentes em rituais primitivos, antigos e atuais exerce o papel de trazer a morte simbólica do herói, que será eliminado junto à sua hybris (orgulho excessivo), para dar continuidade à uma vida mais amadurecida onde a humildade é reconhecida e necessária para o processo de imersão saudável à sociedade adulta
Jung, identifica seus analisados um frequente temor à figura paterna e principalmente a materna nas vésperas do aparecimento do arquétipo de iniciação. Isto se dá porque a anima e o animus não estão se dando bem com o passado parental do indivíduo. As relações parentais mais identificadas são a da mãe (super)protetora e o pai autoritário patriarcal. Jung cita casos onde explicita que os ritos eclesiásticos (batismo, casamento e velório) também são arquétipos de iniciação, pois contêm elementos de morte simbólica e renascimento.
Um dos casos explanados neste capítulo foi o de Jarren, prestes à casar, que teve um sonho onde explicitava o seu medo de reviver nesta união uma relação análoga à que tivera com a sua mãe. O medo era de perder a sua autonomia e voltar ao estado de dependência que vivera com sua mãe ao se casar com essa mulher, receando que essa se torne uma "nova mãe". Sua sogra já lhe causara esse medo. O que foi perceptível é que sua anima esteve pouco trabalhada, mas estava prestes à se transformar. Jung considerou o casamento como a união simbólica de anima e animus. Este homem se casou e não perdeu sua autonomia e autoridade, seguindo assim um feliz casamento.
Outro exemplo aparentemente oposto foi o de uma mulher arrependida por ter sacrificado à sua carreira em nome de um casamento que não deu certo. No sonho, ela relatou que ao oferecer a mão para a aliança em um suposto casamento, ela oferecera a mão direita de forma tremula. Jung indentificou que ela estava receosa, e vamos dizer o porquê. Ela ofereceu a mãe direita que representa a totalidade da sua psiquê consciente, enquanto deveria ter oferecido a mão esquerda que se considera a parte mais sutil e parcial da sua consciência. Ela interpretou o casamento como uma forma de unir literalmente duas pessoas, fundindo suas personalidades. Seu receio era este. Mas deveria considerar que o casamebto é uma união simbólica de partes sutis e parciais, que nada interferwm na totalidade da psiquê (self) ou a personalidade individual. Ela poderia ter dado continuidade à sua carreira mesmo no casamento. Seu medo era enfrentar uma relação pateiarcal ao qual vivera em sua infância com seu pai. Neste caso a morte simbólica aconteceu muito tarde.
Além do casamento, há inumeros arquétipos de iniciação, como citado neste post, como também há arquétipos de iniciação que fogem da complexa constituição de anima e abimus, como arquétipos onde o herói abandona suas aventuras e se depara com o fato da morte, consequentemente, elimina a sua hybris, tornando-se um ser maduro e humilde, concretizando assim a morte simbólica do herói.
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